terça-feira, 8 de abril de 2014

moda x sustentabilidade

Sustentabilidade é o tema da vez. Em vários segmentos de mercado essa palavra vem sendo empregada para definir ações e perfis de empresas e negócios, que visam causar menos impacto negativo ao meio-ambiente. Entre os setores que se destacam com projetos inovadores, que se propõem a trabalhar o conceito da sustentabilidade na cadeia produtiva,  e que de fato, têm preocupação com o uso correto dos recursos naturais, é a moda. è ainda um nicho de mercado relativamente jovem da indústria brasileira, mas que tem espalhado boas sementes de conscientização ambiental. Exemplos de empresas do setores têxtil como PUKET e de calçados como a marca VERT são uma prova de que a exigência do consumidor e uma certa "boa intenção" do setor privado, a moda sustentável pode se tornar uma potencial forma de "economia verde", que traga a médio e longo prazo, alguma mudança positiva em relação ao consumo desenfreado de roupas e sapatos.
Paralelamente à grande indústria, há também iniciativas de grupos de pequenos empresários da moda que já fazem a sua parte e que tentam mostrar como é possível com um trabalho lento, educativo e progressivo, fazer a diferença com atitudes simples e eficazes. Para falar um pouco desse assunto, de como moda e sustentabilidade podem andar juntas, falei com a empresária Chiara Gadaleta, responsável pelo SP-Ecoera, evento criado por ela para tratar do tema moda e sustentabilidade, no qual reúne duas vezes ao ano, marcas desse setor com projetos efetivamente sustentáveis realizados de forma ecologicamente correta.

VDNN- Chiara, como foi que começou esse interesse por moda sustentável e ecologicamente correta?

Chiara  Gadaleta-  Comecei a me envolver com esse tema quando acreditei que a moda podia contribuir para sustentabilidade, para a preservação do meio ambiente, sabe? Que podia emprestar todo o glamour desse universo e que está no imaginário das pessoas, para dar visibilidade às questões ambientais.


VDNN- Há quanto tempo você está envolvida com essa luta para fazer desse segmento uma realidade?

Chiara Gadaleta - Há dez anos atrás, quando eu percebi que a moda não estava andando junto com as questões sócio-ambientais, ela não estava se preocupando com as questões mundiais, tão importantes como desperdício de energia, consumo consciente de água, etc, a moda no Brasil não conversava com isso. Então me vi fascinada pelo tema e incentivada a buscar soluções e informações sobre quem estava pesquisando e de algum modo, tratando desse assunto com objetividade. Vi que em em alguns países da Europa como Inglaterra, Holanda, Alemanha, nos EUA também, isso já era um tema tratado com seriedade há quase trinta anos e aqui, no Brasil, ainda não tínhamos nenhum incentivo em relação a esse setor da moda ecologicamente correta.

VDNN- De um modo prático e visível para o publico consumidor, de que maneira a moda pode contribuir para preservar o meio-ambiente?

Chiara Gadaleta- Podemos dizer que essa moda ecologicamente correta atua nos mesmos pilares da sustentabilidade, a ecologia, a economia e o social, ou seja, a marca, ela tem que se preocupar em impactar menos negativamente o meio-ambiente, diminuindo seus desperdícios de energia e água, reciclando o lixo, plantando árvores, não poluindo rios e mananciais. No social se preocupar com o capital humano, com a comunidade, a cidade ou vilarejo, onde aquele projeto se instala ou extrai seus recursos como matéria-prima e mão-de-obra e também que seja economicamente viável, para poder gerar lucros que possam ser divididos, de um modo, que todos os envolvidos no processo, tenham seu valor reconhecido. Somente assim,  podemos dizer que é moda sustentável.

VDNN- Quais marcas desse segmento você daria como exemplos de moda sustentável?

Chiara Gadaleta - A VERT, marca de tênis. Muito interessante o trabalho que essa marca francesa faz aqui no Brasil, eles mantêm parcerias com algumas cooperativas de extrativismo e plantio orgânicos. O tênis é todo feito com produtos brasileiros, o látex do Amazonas é produzido em área de extração fiscalizada pelo IBAMA e a venda  não passa por atravessadores, saindo por um preço melhor para os seringueiros, o algodão vem de outra cooperativa no Ceará que planta algodão orgânico e as partes de couro vegetal são produzidas no Sul do Brasil. Outra que posso citar é Gustavo Silvestre, ele é pernambucano mas mora em São Paulo há muitos anos, ele faz croché luxuosos, que viram vestidos e bijoux maravilhosos, o bacana é que no processo do croché você não utiliza água, é agulha e linha, somente.



VDNN- Quando será o próximo SP-Ecoera, qual será o tema discutido durante o evento?

Chiara Gadaleta-  Já estamos na 4ª edição do SP-Ecoera e já discutimos temas como consumo cosnciente, o pós-consumo, o que fazer com seus resíduos, agora os temas são variados e o foco é o real papel da moda no dia-a-dia, aqui no Brasil e como ela pode ser usada a nosso favor, a moda sem esteriótipos e acontece nos dias 23 e 24/05 no Museu  A Casa, no Bairro de Pinheiros.


Abaixo o link para a entrevista que fiz com a Chiara Gadaleta, o Prof. Ivan Bismara, coordenador do curso de moda da FAAP ( Fundação Armando Alvares Penteado) Ananda Boschilia, importadora da marca ALVA de cosméticos orgânicos para a Rádio Uninove.
https://soundcloud.com/waltercunha/sets/moda-x-sustentabilidade/s-eXynD

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Walter Cunha, jornalista, artista plástico, produtor de moda, assessor de imprensa e agora blogueiro também.